Após alguns ensaios - este espaço renasceu! Esta será a noxa nova casa migox e colegas... sejam Bem-Vindos

Thursday, November 17

A menina dos caracois e o palhaço triste

O meu ovito said:

'E sabes o que me revolta mais nisto tudo, pai? É que eu continuo a querer protegê-la. E não sei porque o faço… Quando penso nela sinto uma tristeza tão profunda e amarga, sinto vontade de esbofeteá-la, mas por dentro, de ter aquela minha ironia tão… má… que magoa tanto… mas não consigo! Porquê, pai? Há tanta coisa que eu não sei… Conta-me as tuas histórias, ensina-me, eu estou demasiado ansiosa. Tenho tanto medo, pai. A nossa vida vai mudar tanto aquando da passagem, da libertação das nossas raízes, daquilo que nos prende aqui. No funeral dela senti um remorso tão grande que nem imaginas. Doía-me o peito por tudo o que disse… e pelo que não fiz… O corredor era demasiado escuro e profundo, lembro-me de ter pensado. Não me perguntes se está tudo bem, não me queiras ajudar, a minha vida não é isto, não é isto que eu quero, queria ter mudado o futuro… e o nosso país. E tudo por minha culpa, carrego nos ombros este mundo e aquele que a mãe tantas vezes me mostrou nas histórias de fadas e dragões, princesas e reis… Não vou voltar a querer ver o céu tão cedo, pai. Porque não admitia ela que era exactamente isto que se passava, que era aquilo que ela queria? Não posso negar, a culpa é e sempre será minha… toda minha… pai, quem é Deus? Porque me dizem todos que ele continua a me amar? Porque me libertei eu daquela prisão tão forte e densa que me aprisionava? «Life is like a chocolat box», disse o outro… mas quem era ele para dizer o que fosse? A minha vida é muito mais que isso… Tenho medo… O meu sonho estava lá, quase… e agora, vou passar a porra de cinco anos da minha vida tão idiota quanto eu a fazer o que não quero, por causa desta infantilidade de seguir o que é melhor para mim… e depois mais quarenta anos… adoro-te muito, pai, mas não quero ser como tu… infeliz… porque tu chegas a casa e estás infeliz… porque não gostas do que fazes… e o sonho é teu… e eu não quero responsabilizar-te pelas minhas escolhas… por ter recusado o que eu sempre quis… Fogo, pá, ele não tinha o direito… «posso falar?»… muito categórica… fogo, pá, porquê estragar tudo…vai-te lixar oh menina dos caracóis'

Depois de escutar os teus sentimentos sinto-me ainda mais orgulhoso de poder partilhar contigo um pedaço de mim... emocionei-me ao ouvir-te mais do que nunca falar, ouvi o teu coração e por momentos sofri a tua dor, são estes momentos que nos colocam perante a inutilidade da vida - you'll never know what you gonna get, terá o homem matado Deus? não, nós somos constituídos por atómos, partículas estupidamente divinas, a dor que nos toca o peito sao a manifestaçao viva das relaçoes que temos em vida, e depois... sobram os contos de fadas e as saudades das lembranças que doem ou fazem sorrir - tudo isto é fado, na vida existe uma hora para tudo, nós só temos que juntar as peças deste puzzle e decifrar a mensagem, se é que ela existe - (a mensagem duma mensagem inexistente também te ensina a navegar), aproveitar a natureza das coisas tal como são - ximples - serão? talvez...

Um palhaço triste subia uma escada, a escada da vida, mas a cada passo que subia sentia mais a dor de deixar para tras tudo aquilo que contruira...
entretanto ca debaixo o Homem puxava-lhe as cordas da vida que prendiam o pobre abdomen do triste palhaço
a cada paxo pelo triste palhaço dado maior é a sua dor, maior é a dor do Homem
o Homem sofreu durante trinta anos ate que percebeu que as coisas vao e veem... deslargou as cordas e deixou o triste palhaço triste caminhar na sua escada
e, por isso, a tristeza do palhaço triste transformou-se em serenidade, e a angústia do Homem em gratidão pela alegre informação que o palhaço triste lhe legara
soltou um sorriso melancólico ao palhaço e foi à drogaria mais próxima comprar uma tesoura para cortar todas as cordas que lhe amarravam à dor

ouvis-te ovito: o Homem compreendeu o verdadeiro significado da vida, as coisas acontecem quando têm que acontecer, por ixo, tenho a certeza que para além da tua perca, este curso (que não e mais um affair) é parte desse sonho - a nossa função neste mundo - uma liçao pa ti e principalmente para mim - brigado por partilhares toda essa angústia comigo, nunca quebraremos a nossa ligaçao de energia (dedinhos!)

... e a menina dos caracóis que esperava pelo triste palhaço quando viu chegar ao seu quarto abraçou-o, chorou, e sentiu-se melhor...

Monday, November 14

Fundindo com cola picapau os pedaços de um sonho

Para minha Pipas

sonhei...
estavas a meu lado, quis-te abraçar, proteger, quis ser a tua fera, morder-te com prazer
é independente da minha vontade
e, de repente, acordei e extavas a meu lado - tu es o meu sonho, continua a torna-lo vivo nao me deixes adormecer, das-me um beijo, brigado....
adormeci
extou num ritual
a minha pele suada, toda ela se arrepia de prazer, se contrai dolorida, mergulha na água,enxuga-se ao sol - olho para ti e sei... sei que tem dança lá dentro, ela brinca com os teus olhos delira com o teu sorriso, e eu sou apenas um fantoche que vive as fantasias do amor que ela sente por ti


Nota: o dia 4.3.87 marcou o nascimento de uma bebe linda, o meu ovinho extrelado - 'Tété!', apesar de nos conhecermox a pouko tempo, tenho a certeza que ja percebemos que os bons amigox ficam ;-). A tds os meux outros manos do ist bigada por tudo...
Boa noite

Mãos na parede

Hi! de novo migox e soulistas

xim! foi nakela tarde fria, gelada, onde as plantas comiam os pássaros e a chuva lhes fustigava o desejo, as árvores bem enraizadas matinham a razão intactas na sua enorme sabedoria, eu próprio uma pedra enferrujada pela vida, e diante de mim o espectáculo do mundo. espermatezóides caiam do céu perfeitamente conscientes do caminho a tomar, e a Terra abria-se perante o fenómeno - um foco de luz intenso e...
pa r o u

a chuva limpou os campos, eu inspiro a brisa cortante como quem quer toda a realidade, egoisticamente deixei para trás a luz quente de casa que já vencia os últimos raios de sol, o ar sabe a lenha, a eucalipto, a amoras, nenhum humana haveria ousado pisar minha Terra, meu chão - não! nenhum ousara... sinto os meus pés húmidos, olho para trás, meu refúgio está longe mas ainda não desapareceu, vem de lá um aroma doce a sopa e madeira queimada -afasto-me, descalço-me, meus pés enterram-se na lama suja e fria - estou feliz, radiante!! e depoix toda esta calma, cresci já não sou mais criança e, por isso, brinco!, um ruído dum melro ecoa nos céus, a estrela polar já brilha... o ruído agudiza-se torna-se agora grave, um tumulto de barulho, e olho da janela de Lisboa e sorrio - o que não faço por ti minha terra d'água!

O que aconteceu no dia 4 de Março(!) de 1987:

'diz quem de manhã viu uma pedra cair dos céus soprando faísca roncando trovão estatelar-se na terra abrir-lhe uma ferida profunda dividindo-a quase em dois, acentuando-lhe as curvas. diz quem viu o povo espalhar-se à volta da ferida como se assim lhe segurasse os rebordos para que não aumentasse. diz-se que uma moça se atirou aos abraços do mar para a terra voltar a ser chão. diz quem viu os homens dançarem ao som do ghiculo brilhantes de suor e transe diz-se que sobre as pessoas em suspenso voaram milhares de xitotonguanas um dia a ferida sarou devolvendo à terra a sua antiga forma redonda. o chão acordou todo,completo, a manhã nasceu húmida,vagarosa e perfumada, gota solitária na passagem dos anos'